Você vai ler sobre a incrível história do Autorama. Uma história de mais de 100 anos desse que já ultrapassou o status de brinquedo e se tornou um esporte.
A história do Autorama, para os brasileiros amantes desse esporte/arte, o ano de 1963 ficou marcado como o ano em que tudo começou por essas terras. Uma loja paulista chamada Mobral Modelismo começou a importar carrinhos e equipamentos de Autoramas e para delírio das crianças, a Estrela naquele mesmo ano lançava seu primeiro modelo de Autorama, e a data para este lançamento não poderia deixar de ser outro se não a época do Natal.
Mas antes desse lançamento temos que voltar ainda um pouco mais no tempo, pois antes de chegar ao Brasil o autorama já era um brinquedo que fascinava muita gente.
A história começa mesmo no ano de 1886, e o protagonista da vez foi um alemão chamado Karl Benz, que ficou conhecido como o pai dos carros modernos, quando apresentou naquele ano o primeiro carro concebido para funcionar sendo impulsionado por um motor. O nome da invenção patenteada por ele foi Benz Patent-Motorwagen:
A história começa mesmo no ano de 1886, e o protagonista da vez foi um alemão chamado Karl Benz, que ficou conhecido como o pai dos carros modernos, quando apresentou naquele ano o primeiro carro concebido para funcionar sendo impulsionado por um motor. O nome da invenção patenteada por ele foi Benz Patent-Motorwagen:
Desde o seu surgimento, é inegável o fascínio que o carro exerce na sociedade e não demorou até que esse fascínio tomassem as prateleiras em forma de miniaturas que os representassem. Mas faltava uma coisa nos brinquedos, talvez a coisa mais fantástica daqueles veículos: O motor!
E como não poderia deixar de ser, foi também na Alemanha, em 1908 pelas mãos da empresa Marklin Bros, que finalmente os desejos foram satisfeitos quando esta promoveu o desenvolvimento do primeiro carrinho de brinquedo movido a motor. Este primeiro modelo consistia de um carrinho em miniatura correndo através de um trilho. Nesta fase o trilho do carrinho era mais parecido com o trilho de um trem do que propriamente com uma pista de corrida, mas quem liga?
E como não poderia deixar de ser, foi também na Alemanha, em 1908 pelas mãos da empresa Marklin Bros, que finalmente os desejos foram satisfeitos quando esta promoveu o desenvolvimento do primeiro carrinho de brinquedo movido a motor. Este primeiro modelo consistia de um carrinho em miniatura correndo através de um trilho. Nesta fase o trilho do carrinho era mais parecido com o trilho de um trem do que propriamente com uma pista de corrida, mas quem liga?
As pistas foram introduzidas alguns anos mais tarde, em 1912, pela empresa norte-americana Lionel, que produzia e comercializava os primeiros carros elétricos que corriam por suas pistas cujo centro corria uma fenda responsável por alimentar com eletricidade os motores dos carrinhos.
Abaixo o modelo Bearcat, da fabricante Stutz, um dos carros pioneiros nas corridas estadunidenses, que foi o modelo que serviu de inspiração para este primeiro modelo de autorama elétrico:
Abaixo o modelo Bearcat, da fabricante Stutz, um dos carros pioneiros nas corridas estadunidenses, que foi o modelo que serviu de inspiração para este primeiro modelo de autorama elétrico:
O que se sucedeu a partir dai não foi um sucesso total, pois o hobby além de não ser barato não trazia a sensação real da combustão do motor, o que fascinava os pilotos. Então vários experimentos e campeonatos foram travados com carrinhos movidos a diesel em dois principais formatos: O primeiro consistia em uma pista circular onde o carrinho era preso por um fio de arame resistente a um poste que ficava exatamente no centro do círculo, cada carrinho corria de uma vez no circuito e ganhava o que fosse mais rápido. Já o segundo formato consistia nas pistas com fendas que não permitiam que os carros saíssem do percurso e aí sim pudessem competir lado a lado.
Estas formas de corrida, apesar se emular bem o real funcionamento de um carro, não permitiam aos “pilotos” realmente pilotarem suas máquinas e sim simplesmente serem espectadores torcendo até o motor parar. Nada muito animador né?
Os anos se passaram e as indústrias perceberam que realmente a eletricidade era a melhor forma de alimentar os motores, mas ainda havia muita coisa a explorar. Naquela época (final dos anos 30) muitas fabricantes lançaram seus próprios sistemas de trilhos, porém nenhum com muita significância.
O avanço destas décadas, entre 30 e 40 foram mesmo dos carrinhos, propriamente ditos, pois até então os motores não tinham variação de velocidade, sistema de direção e luz elétrica. O ano de 1938 trouxe todas essas novidades através dos carros da já veterana Marklin. A veriação de velocidade se dava pelo uso de reostatos, cujo princípio ainda é amplamente utilizado.
Esse vídeo a seguir mostra este modelo em funcionamento, simplesmente espetacular:
Perceba que neste estágio o conceito de dois carros correndo lado-a-lado em uma pista competindo pela vitória em uma corrida não havia ainda sido pensado como mote de venda. O objetivo era fazer um carro se locomover por uma pista alimentado por eletricidade, no entando, as pistas (que na ocasião eram de metal) que se encaixavam umas nas outras foi o formato que se mostrou mais adequado e é utilizado até hoje.
Apesar de todo avanço promovido nas décadas anteriores, o grande avanço do hobby se deu mesmo através das mãos dos apaixonados entusiastas dessa arte, nos anos 50, quando apresentavam suas experiências na revista especializada Model Maker.
Apesar de todo avanço promovido nas décadas anteriores, o grande avanço do hobby se deu mesmo através das mãos dos apaixonados entusiastas dessa arte, nos anos 50, quando apresentavam suas experiências na revista especializada Model Maker.
Em 1951, Ivor Lewis patenteia um modelo de carro elétrico conduzido por tilhos.
A década de 50 realmente foi a década decisiva para o Autorama, foi em 1957 que duas empresas britãnicas, a Victory Toys e a Minimodels lançam seus autoramas novamente com o sistema de fendas. A diferença entre os brinquedos das duas companhias ficava por conta dos modelos de carrinhos, pois enquanto a Victory Toys se concentrava em modelos de rua, a Minimodels contava com miniaturas da Maserati F250 e Ferrari 375.
Nos anos seguintes o sistema de fendas provou ser um excelente sistema e todos estes avanços culminaram na década dourada para o automobilismo de fenda, como o esporte é chamado. Esta década dourada foi a década de 60. Revistas especializadas mencionam uma produção de milhões de pneus por mês, e as vendas dos slot cars estavam a todo o vapor, o que permitiu, em 1967, um faturamento estimado de US$ 550 milhões.
Encontrado a fórmula do sucesso bastavam às indústrias diferenciarem seus produtos, e então foi ainda na década de 60 que surgiram os primeiros carros vendidos em peças, ou seja, o comprador deveria montar todo o carro antes de correr, o que fomentou o mercado de venda de peças avulsas. Foi nesta época também que surgiram os primeiros modelos levando uma bolha de acetato no lugar da carroceria de plástico duro.
Encontrado a fórmula do sucesso bastavam às indústrias diferenciarem seus produtos, e então foi ainda na década de 60 que surgiram os primeiros carros vendidos em peças, ou seja, o comprador deveria montar todo o carro antes de correr, o que fomentou o mercado de venda de peças avulsas. Foi nesta época também que surgiram os primeiros modelos levando uma bolha de acetato no lugar da carroceria de plástico duro.
Este mercado super aquecido não poderia deixar de chamar a atenção das indústrias de brinquedo do mundo todo e o Brasil não ficou de fora, quando em 1963, a Estrela adquiriu os direitos e lançou o produto no mercado brasileiro.
O brinquedo da Estrela seguia os moldes dos norte-americanos e japoneses. O kit inicial vinha com dois carrinhos com seus controles e as pistas plásticas, sendo estas separadas em partes, ou seja, era preciso encaixar cada curva e cada reta umas nas outras até que a pista estivesse completa para a corrida.
A Estrela havia acertado no produto e acertou ainda mais quando em 1964, durante as férias de Julho, organizou uma grande corrida para promover as disputas de Autoramas. O local escolhido foi o ginásio do Departamento de Educação Física e Esportes (DEFE) em São Paulo. Apoiada por diversas lojas da cidade conseguiu atrair mais de 1.000 inscritos.
O evento durou uma semana inteira, sendo a final num sábado. Entre os finalistas estava Emerson Fittipaldi, o até então desconhecido rapaz de 15 anos apelidado de Rato, que ao final ficou em terceiro colocado. Na foto histórica ele aparece à direita:
O evento durou uma semana inteira, sendo a final num sábado. Entre os finalistas estava Emerson Fittipaldi, o até então desconhecido rapaz de 15 anos apelidado de Rato, que ao final ficou em terceiro colocado. Na foto histórica ele aparece à direita:
Outros modelos da década de 60:
Nos anos 60, com o autorama em alta, a Estrela também vendia os carros separadamente assim como peças para os carros.
Nos anos 60 o autorama era mesmo a sensação do momento, uma reportagem da Folhinha (um caderno do jornal Folha de São Paulo) em edição de 16 de abril de 1967 contava a história dos locais em São Paulo onde a criançada se encontrava, cada um levando seu carrinho e controle, e corriam em pistas de 16 e 42 metros. Você pode conferir a matéria completa da Folhinha neste link.
Nesta época a Fórmula 1 estava crescendo no mundo. Apesar de ter surgido na década de 50, no Brasil ela não era difundida, até que em 1972 a pista de Interlagos foi usada pela primeira vez pelo evento. E já no ano seguinte (1973) a primeira corrida valendo pontos, o que colocou o país definitivamente no calendário oficial do evento.
Também em 1972 a Rede Globo começou as transmissões de Fórmula 1, o que foi um sucesso imediato. Ainda mais com o ídolo brasileiro da época, Emerson Fittipaldi, como piloto que naquele mesmo ano conquistou seu primeiro título mundial.
Em um golpe de sorte, já que Emerson era um exímio piloto de Autorama, a Estrela começa a partir de então pegar carona no sucesso da Fórmula 1 e do brasileiro e começa a lançar diversos modelos do Autorama que seguiam esta linha. Foi uma fusão perfeita: O brinquedo que já era sensação uniu-se ao o esporte ascendente e super emocionante de super-carros tendo um ídolo brasileiro como garoto propaganda. Precisava de mais alguma coisa?
Em um golpe de sorte, já que Emerson era um exímio piloto de Autorama, a Estrela começa a partir de então pegar carona no sucesso da Fórmula 1 e do brasileiro e começa a lançar diversos modelos do Autorama que seguiam esta linha. Foi uma fusão perfeita: O brinquedo que já era sensação uniu-se ao o esporte ascendente e super emocionante de super-carros tendo um ídolo brasileiro como garoto propaganda. Precisava de mais alguma coisa?
A cada novo ídolo brasileiro ou evento histórico para a Fórmula 1, o Autorama se beneficiava. Na década de 80 um dos ídolos do automobilismo brasileiro foi Nelson Piquet, que conquistou ao longo de sua carreira 3 títulos mundiais.
Teve também linha Stock Car do Nelson Piquet, onde até a marca Fiat se beneficiava, devido à parceria com a Estrela que produzia uma réplica do carro da marca:
Em 1984, o grande ídolo brasileiro chega muito bem na Fórmula 1, e é claro que estamos falando de Ayrton Senna, com o seu carisma, corridas incríveis e 3 títulos mundiais só faziam crescer a paixão pelo esporte e consequentemente davam uma impulsionada nas vendas do Autorama.
Nelson Piquet e Senna aparecem juntos neste comercial datado de 1986:
E falando no ídolo, após a sua morte em 94, o Jornal Nacional revelou em matéria que o brinquedo preferido de Senna era mesmo o Autorama. Veja:
Mas a Estrela não se limitou apenas à Formula 1, porque ainda nos anos 80 ela lançou uma variação do Autorama, desta vez a corrida seria com as motos. O nome? O mais óbvio possível: Motorama.
Em 2013 a Estrela lançou uma edição especial do Autorama em comemoração aos 50 anos do brinquedo, mas dizem que como adquirir os direitos de imagem de Felipe Massa era um custo exorbitante e o retorno não valeria o investimento, optaram por fazer uma edição especial tendo o Stock Car e Cacá Bueno como protagonistas. Este modelo já não está mais a venda pelo site oficial.
Ao contrário do que muita gente pensa, o Autorama não pode ser considerado somente um brinquedo. Existem equipes profissionais e campeonatos seríssimos de automobilismo de fenda. As pistas profissionais tem 48 metros de comprimento onde correm carrinhos em escala 1:24 ou 1:32 e que são alimentados por uma corrente elétrica de 13,8 volts. Esses carros são equipados por chassis de aço, carroceria em lexon ou acetato, pneus de borracha e motor elétrico.
A título de curiosidade os modelos de carros mais sofisticados atingem a incrível marca dos 160 Km/h e o recorde de uma volta completa em um circuito oficial é de 1.59 segundo! Incrível, não?
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